Mimo

Postado por Jéssica Prestes Mendes , quarta-feira, 16 de janeiro de 2013 12:37

Se me perguntarem do que eu mais gosto, sem hesitar, vou responder que é do órgão mais complacente, aquele orifício que fecha ao sorrir.
O lugar mais brilhante da alma e que deixa-se perceber o coração.
Aquele que guia as expressões das mais distintas feições; dos mais exímios pensamentos.
Eu mais gosto da cor.
Eu mais gosto de te encontrar.
Mas, eu mais gosto mesmo, é de encontrá-los.
Encontros pequenos pela manhã, de quando ainda estão um tanto sonolentos.
Semi-abertos. Intumescidos de origem. Cheios de sensibilidade.
Por cima da caneca da tarde, sob os lençóis da noite.
Encontros por trás de lentes transparentes.
Gosto de mesmo distantes. Muito mais de perto.
Eu poderia gostar mais de vezes.
Do que eu mais gosto de sentir, são os cílios nas pálpebras.
De tudo que se pode gostar, o que mais me pode ser desejado, esses rotundos.
E se, mais uma vez, me perguntarem do que eu mais gosto, direi: "seus olhos".

Algo sobre a preguiça do amor

Postado por Jéssica Prestes Mendes , domingo, 6 de janeiro de 2013 06:15

Agora eu já cansei. Eu já me cansei e já cansei papéis com a melancolia do dia que termina, aquele céu alaranjado. Logo mais acima, a lua; timida com o sol imponente ainda no céu.
Um céu metade azul anil, metade laranja amarelado. Ou seria amarelo alaranjado?
E eu já me cansei.
O amor traz dentro dele uma preguiça boa. Daquelas que conversam com a gente.
Uma preguiça que bate na porta, ao fim de dia, e convida-nos a levantar desse estado inerte.
Mas, o amor solta um sussurro baixo, quase mudo, como quem continuasse te segurando ali: "Fiquem um pouco mais."
O céu quase já todo pintado de azul marinho. E dois, quase feito um, ainda deitados.
A preguiça, já irritada por não ser ouvida, coloca-se de pé num salto; como se fossemos reagir ao salto.
"Vocês não vão sair daí?" - É o que ela diz.
Mas como soltar? O amor tem tanto de bom para se descativar.
O céu escuro, completo negro e pontilhado. Mas nós resistimos à noite, agora.
Continuamos ali. Presos, preguiçosos de uma morosidade rejeitada até pela própria preguiça. Preguiça que se zangou. Zangou-se da lentidão.
Mas, o amor me avisou que já vai anoitecer.
E anoiteceu.