Arquivos (que nunca tive coragem de publicar)

Postado por Jéssica Prestes Mendes , quarta-feira, 1 de junho de 2011 20:38

Estrofe I

E depois de tudo, você
Continuar sendo o presente
Passado Futuro.
Você quem?



Estrofe II
Meu coração já não bate ao te ver.
A vontade é tanta que
Para ao te ver.
Por minutos o ar me falta,
Por segundos a lembrança mata.


Estrofe III

É melhor não alimentar
Essa cabeça com pensamentos vagos.
Eles podem não ser reais,
Eles não devem ser reais.
Eles não devem ser.
Eles não devem.
Podem se tornar reais.

Estrofe IV

E agora? As luzes apagaram,
o espetáculo acabou.
O tão respeitável público,
Já não ouve-se um aplauso.
Sequer um. Silêncio.


Estrofe V
Ah, se eu pudesse
Ah, se você soubesse
Ah, se você quisesse
Ah, se não houvesse(...)
Ah, se o mundo não existisse
Um dia talvez,
Ah, quem sabe acontece...

A Boca

Postado por Jéssica Prestes Mendes 19:02



Quando criança são feitas, nela, as primeiras descobertas. O sabor. A sapientia. Sapientia: descobrir o mundo por mim; pela boca. A boca em mim, maior parte de mim, maior parte de um todo.
Não é à toa que uma criança escolhe conhecer as primeiras coisas da vida pela boca. Mesmo tendo mãos, tendo o tato, este não basta para o total conhecimento das coisas novas, do mundo novo de uma criança!

Parando para pensar, chego à conclusão de que um dos melhores orgãos do meu corpo é a boca. Pelo simples fato de ser moradia do sorriso, e além disso, moradia de todos os sabores que já provei na vida.
É sensível. Sensível ao ponto de não poder tocar outra sem que haja total interação. Corpo e alma em um toque. Não é como tocar duas mãos , ou esbarrar dois ombros. Para que duas bocas se encontrem é preciso que todo o corpo também se encontre.

Por ela também saem as palavras. Por ela se pode manifestar amor, ódio, vida, pode se manifestar o que quiser. Pode ser também sinônimo de sensualidade, de vontades.
A boca chega a ter opinião própria, quase vida própria. Parece um segundo cérebro numa mesma cabeça. É pensante. É determinada. Sabe do que gosta e sabe mais ainda do que não gosta. É decidida. Quando não quer abrir a porta do sorriso, não abre! E também quando tiver de sorrir, não pensa uma segunda vez; não esconde!

É impressionante a quantidade de mistérios e de segredos que estão escondidos dentro de uma boca. Às vezes eu acho que o pensamento é o que minha boca acha ser.
Essa boca é encantadora, se eu pudesse escolher teria a personalidade dela. Segura, determinada, nunca omissa, sensível, de todo romantica.
Juro que ela quer ser a coisa mais importante em todos os rostos que observo.

Porém, perde o posto para o olhar.
Analisando orgaos do corpo, partes do rosto, nada é mais sensivel do que a boca e nada é mais revelador do que um olhar.



A junção dessas duas partes , sem duvidas, é o que me chama mais atenção em alguém. Eu sempre digo que minha mente trabalha demais, que o meu pensamento voa demais, está sempre pensando no que os outros estão pensando... Mas, no dia de hoje, deixo o pensamento racional de lado para, tão somente, falar sobre coisas que eu, simplismente gosto. Sem pensar no que a mente leitora vai achar, sem pensar na critica que um segundo cérebro vai dizer. E disse.

Refletindo sobre Narciso

Postado por Jéssica Prestes Mendes , terça-feira, 8 de fevereiro de 2011 15:04

Há tempos tenho pensado numa boa critica/comentário sobre a história do homem mais narcisista que já existiu ( se é que existiu ), o tal do Narciso.
O termo, simplesmente, surgiu de um amor não correspondido, ou de uma vingança amiga, ou da vaidade propriamente dita e personificada.
Uma ninfa chamada Eco, tão bela quanto Narciso, amava o rapaz perdidamente e em vão. Narciso acha nele uma beleza tão grandiosa que ousava comparar-se à deuses como: Apolo e Dionísio. Como resultado, o bonitão rejeitou a afeição da bela ninfa, até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao rapaz frívolo a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado por sua própria beleza e incontrolavelmente apaixonado pelo seu reflexo na água, Narciso suicidou-se por afogamento.

Freud acreditava que algum nível de narcisismo constitui uma parte de todos desde o nascimento.

Quer dizer que todos nós somos vaidosos e possuímos um amor-próprio exacerbador!
É dificil crer na afirmação, mas se calcularmos quantas vezes já definhamos amores que nos ofereceram e quantas vezes já fomos extenuados com possibilidades impossíveis e platonianas... é, foram muitas vezes!

As pessoas sempre procuram o que lhe é melhor, ou viável, ou relativamente aceitável. Mas o que seria bom?
É uma pergunta que me faço todos os dias.
O que é bom? Quem é bom? Você é bom?

Esse narcisismo descontrolável da sociedade tem transformado o mundo dos nefelibatas, no mundo dos "que aceitam", "que pode ser", conformados.
Vamos sonhar! Vamos viver nas nuvens! Vamos sonhar em outros ares, viver mesmo que no platonismo.
O que alimenta a alma dos seres é o sonho, a fantasia. O que alimentava a fantasia de Eco era sua imaginação, seu querer mais que poder.

Já que vivemos num mundo de narcisistas e que todos nós já somos assim, sejamos, ao menos, sonhadores. Sem pretensão de acontecer, mas com a vontade que torna tudo real.

É o que eu tenho pra dizer hoje, depois de tempos sem escrever volto bombardeando com idéias nefelibatas e aceitando que o nosso narcismo é natural. Não conseguimos largar mão dessa vaidade e desse amor, de querer sempre o melhor ( que nunca chega ). Mas podemos aceitar e viver sonhando com um Narciso. O otimismo vive ganhando batalhas por aí...

Sejamos otimistas!

Beijos!
Jéssica Prestes



Ps.: Flor de Narciso.
Depois de morrer afogado em sua beleza, Narciso virou uma flor exuberante na beira da lagoa.

(Acho que vocês entenderam...)